As Brasileirinhas festejam 30 anos de Samba em Barra do Corda


O show integra a programação cultural em homenagem ao Dia Internacional da Mulher no município

O primeiro grupo feminino de samba criado no Brasil, As Brasileirinhas, completa 30 anos, e comemora em grande estilo integrando a programação cultural da Prefeitura Municipal de Barra do Corda (MA), em homenagem ao Dia Internacional da Mulher.

O show “As Brasileirinhas – 30 anos de Samba” acontece nesta terça-feira, 08, às 19h30, na Praça Melo Uchoa, localizada no Centro do município. O convite veio através do Secretário de Cultura, Leocádio Cunha, sob a gestão do Prefeito Rigo Teles (PL). Oportunidade prontamente recebida pela fundadora do grupo As Brasileirinhas, Rose Carrenho.

Natural do Paraná, Rose Carrenho veio para o Maranhão aos 10 anos de idade, junto a família, foi morar em Barra do Corda, 442km da capital, onde passou o restante da infância e adolescência. Foi lá que Rose iniciou sua história com a Arte; firmando seu protagonismo feminino como percussionista de um bloco na cidade, também criado por ela, integrado somente por mulheres, chamado “Já é da sua conta”. Isso nos anos 80, em meio as suas aptidões no artesanato, poesia e teatro, além de um programa de rádio que apresentava. “Sempre acreditei na força de todas nós, por isso, aposto em projetos feitos por mulheres”, acentua Rose Carrenho.

Neste show, As Brasileirinhas farão um apanhado geral dos grandes sucessos ao longo da carreira, clássicos do samba de Dona Ivone Lara, Clementina de Jesus, Beth Carvalho, Lecy Brandão, Zeca Pagodinho, além de composições maranhenses, de Patativa, Antonio Vieira, toadas de bumba-meu-boi e autorais, como Flor da Mangueira. “Fizemos uma pesquisa também para saber o que as pessoas curtem nas noitadas de Barra do Corda e vamos incluir esses hits atuais no show”, acrescenta Rose.

A atual formação do grupo As Brasileirinhas é Rose Carrenho (percussão), Helô Santana (voz e percussão), Lia Lobato (banjo e cavaquinho) e Mary Bass (baixo); a bateirista Paulinha Trindade e a pianista Adriana Soraya completam a banda.

HISTÓRIA – Fundado no dia 13 de fevereiro de 1992, no bairro da Cohab, São Luís do Maranhão.

Foi idealizado pela percussionista Rose Carrenho, que já possuía forte vivência na cena do Samba, e junto com a amiga, e parceira até hoje no grupo, a cantora e percussionista Helô Santana, juntaram-se com mais três integrantes e formaram o time que deu corpo ao primeiro grupo genuíno de samba composto somente por mulheres no Brasil.

Foram batizadas como “As Brasileirinhas” pela cantora e compositora Lecy Brandão, quando a carioca as conheceu numa ocasião na capital maranhense.

No Rio de Janeiro, foram acompanhadas pelo saudoso estilista Chico Coimbra a pedido da cantora Alcione, quando a mesma soube que o grupo estava na cidade para fazer um show na Pavuna, a convite da Escola de Samba Unidos da Ponte. Logo após, esse momento, Alcione incluiu uma participação especial do grupo em um show seu no Teatro Rival (Cinelândia), e diante da excelente crítica e público, elas permaneceram até o final da temporada. Em 1993, o grupo “As Brasileirinhas” esteve também com Alcione e a madrinha Lecy no palco da Turma da Mangueira durante o lançamento do samba-enredo da Escola naquele ano.

De volta a São Luís (MA), o grupo realizou show e diversas apresentações por toda a cidade, do centro histórico a zona rural, e também nos outros municípios do Estado. No Teatro Arthur Azevedo, estiveram mais uma vez com Alcione celebrando os 50 anos da Marrom, com espetáculo assinado pela direção musical de Jorge Cardoso. Logo em seguida, gravaram com ele o primeiro CD, com faixas que privilegiaram a produção maranhense e também clássicos do samba nacional como a música “Quando amor acaba”, de Marcelo Guimarães da Beija Flor (gravada com Alcione e pode ser acessada pelo YouTube). O disco contou a participação de músicos cariocas, como Tutuca Borba (tecladista do cantor Roberto Carlos) e maranhenses, Camilo Mariano (bateirista) e Arlindo Pipiu (contrabaixo). E foi distribuído pela Warner Discos, hoje, ainda disponível para venda, através do Mercado Livre.

“As Brasileirinhas” foram novamente para o Rio de Janeiro (RJ) participar da temporada do show “Valeu” de Alcione no teatro João Caetano. E também em São Paulo (SP) no Teatro Palace.

A música “Quando amor acaba” foi incluída na coletânea “Samba e Pagode “, vol.8, lançada pela Som Livre, trabalho que conta ainda com canções de Zeca Pagodinho e Martinho da Vila, disponível no catálogo da gravadora. Elas são as únicas do Samba no Maranhão a conquistar este espaço na discografia nacional.

De lá pra cá, o grupo se reestruturou e no ano passado, através do convite da sambista Dorina Barros, representaram o Maranhão na direção local do II Encontro Nacional de Mulheres na Roda do Samba, tendo como homenageada a cantora Leci Brandão. Inclusive, na ocasião, Leci renovou os votos como madrinha do grupo e destacou o lugar delas de pioneiras nessa história do protagonismo de mulheres no Samba.

Coroando este trabalho, aos seus 28 anos de carreira, As Brasileirinhas brilhou na Passarela vencendo o Carnaval 2020 como tema de samba-enredo do Bloco Organizado Mocidade Independente Turma do Saco, da comunidade Codozinho. O samba foi composto por Chris Santana, Helô Santana e Emerson Araújo. Fato este que vem consolidar uma brava trajetória artística, com espaço legitimamente conquistado com muita fé em Deus, trazendo à tona a força feminina no Samba, quebrando todo o preconceito e velhos paradigmas. Em dezembro de 2020, o grupo participou da coletânea Vinil & Poesia – Volume 1, de artistas maranhenses, lançada em LP e nas plataformas digitais, projeto da jornalista Vanessa Serra, ganhador do Prêmio Papete 2021.

Para saber mais: @as_brasileirinhas_samba.

 

SERVIÇO

Show “As Brasileirinhas – 30 anos de Samba”

Nesta terça-feira, 08, às 19h30, na Praça Melo Uchoa, Barra do Corda (MA).

Aberto ao público.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

DIÁRIO DE BORDO NO JP

Vanessa Serra é jornalista. Ludovicense, filha de rosarienses.

Bacharel em Comunicação Social – habilitação Jornalismo, UFMA; com pós-graduação em Jornalismo Cultural, UFMA.

Atua como colunista cultural, assessora de comunicação, produtora e DJ. Participa da cena cultural do Estado desde meados dos anos 90.

Publica o Diário de Bordo, todas as quintas-feiras, na página 03, JP Turismo – Jornal Pequeno.

É criadora do “Vinil & Poesia” que envolve a realização de feira, saraus e produção fonográfica, tendo lançado a coletânea maranhense em LP Vinil e Poesia – Volume 01, disponível nas plataformas digitais. Projeto original e inovador, vencedor do Prêmio Papete 2020.

Durante a pandemia, criou também o “Alvorada – Paisagens e Memórias Sonoras”, inspirado nas tradições dos folguedos populares e lembranças musicais afetivas. O programa em set 100% vinil, apresentado ao ar livre, acontece nas manhãs de domingo, com transmissões ao vivo pelas redes sociais e Rádio Timbira.

PIX DIÁRIO DE BORDO SLZ
Publicidade

Publicidade

Publicidade

Publicidade

Publicidade

Publicidade

Publicidade

Publicidade

Publicidade

Arquivos